Eu não sou bom em nadar, mas esses dias enquanto conversava com uma pessoa, fiz uma analogia ao mergulho como forma de provocar um pensamento sobre a nossa necessidade diária de mergulharmos na nossa própria existência e nos conhecermos.
Essa pessoa em questão passa pela fase do turbilhão, aquela fase entre o fim da adolescência e o início da vida adulta, onde boa parte de nossas escolhas vão desembocar em longas consequências: nossa carreira, nossa faculdade, nossos rumos geográficos, a constituição de nossa família, entre outras tantas decisões necessárias.
No meio desta fase, precisamos, com mais profundidade, com mais gás nas costas, aproveitar de nosso bom condicionamento físico e mergulhar mais fundo. Encontrar traumas, tratá-los e seguir com leveza. Encontrar vocações, testá-las e avançar com certeza. Encontrar também gostos bons e ruins, prová-los e seguir com os que lhe convier.
Esta fase é como um mar que começou a ser mergulhado. Guarda surpresas em suas profundezas. Belezas no caminho. E prática, muita prática, no processo. Não há outro caminho, senão nós mesmos, cingidos de boa quantidade de oxigênio, mergulharmos no mar desconhecido que é o nosso coração, a nossa mente. Todos os dias. Indistintamente.
Todo o desconhecido é bem-vindo e preconceitos não são razoáveis. Não há como conhecer o novo com medo, por isso é preciso abandonar todo conceito prévio existente e desenvolver uma relação honesta com o mundo: se não conheço, não tenho como exprimir opinião sobre ser bom ou ruim. Experimentar é o que garante autoridade pessoal para falar sobre o item, situação ou experiência provada.
Em resumo, somos os mergulhadores da nossa própria existência, esse mar revolto, inconstante, repleto de surpresas e novidades que, embora sejam similares às de outrem, são só suas. E cabe apenas à você descobrir-se. Com ou sem ajuda. Descubra-se. Mergulhe.
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Foto de Capa: Pixabay/Reprodução